05 May 2019 19:32
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<h1>Pensata, Por Rodrigo De Almeida</h1>
<p>Se pretendesse ser original, esse texto deveria NÃO começar desse modo: há um pouco mais de 30 anos, Ana Cristina César morreu; jogou-se da janela do apartamento dos pais, aos trinta e um anos, no Rio de Janeiro (era vinte e nove de outubro). Poética, editado com o esmero e a característica habituais da Companhia e lançado na semana passada, tem a curadoria editorial e exibição do poeta e conhecido Armando Freitas Filho, posfácio da professora Viviane Bosi e um robusto apêndice. São livros fora de catálogo há décadas, como A teus pés e Inéditos e dispersos, originalmente publicados pela Brasiliense. Nada de que padeça o lançamento ordenado por Armando Freitas Filho.</p>
<p>Seja nos textos delimitados pelo ponto término da poeta, seja A Importância Da Profissionalização Na Oficina Mecânica (que Freitas Filho batizou de “visita à oficina”), Poética tem o mérito de integrar num volume único, de forma inédita, a obra em poesia de Ana Cristina. Freitas Filho era o melhor companheiro de Ana Cristina: naquele vinte e nove de outubro, ambos se falaram em torno de 12h30. Insuficiente depois das 13 horas, a mãe dela telefonou desesperada, contando que a filha se jogara da janela.</p>
<p>Alguns dias mais tarde, levaria ao apartamento de Freitas Filho quatro caixas de papelão repletos de escritos. Ana Cristina deixara pra ele a responsabilidade de cuidar postumamente de tuas publicações. Poética abre com Cenas de abril, de 1979. No livro de estreia, ela ensaia muito do que viria depois: pudor e provocação, íntimo e universal, masculino e feminino. Estou linda que é um desperdício. Hoje beijo os pacientes pela entrada e na saída com desvelo técnico.</p>
<p>Freud e eu brigamos muito. O livro prossegue com Correspondência completa, do mesmo ano, assinado como Ana Cristina C (em vista disso mesmo). Um livreto bem humorado composto de uma só carta, de Júlia pra alguém não nomeado, tendo como “personagens confessos”, tirados da vida real, Mary e Gil. Luvas de pelica (1980) reúne poemas escritos na Inglaterra, para onde ela foi fazer mestrado em tradução literária na Universidade de Essex.</p>
<h2>A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente. Brasileiro Gastou R$ 8.000 E Não Conseguiu Fazer Mestrado /h2><p>Ficam evidentes marcas de teu tipo: a comoção de perda, melancolia e desnorteio. Eu só enjoo no momento em que olho o mar, me citou a comissária do sea- Seleção Pra Docente Do Estado Sai Este Mês Com 1,4 1 mil Vagas O Dia . Estou partindo com suspiro de alívio. A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente. Esquece a paixão, meu bem; nesses campos ingleses, neste lago com patos, atrás das altas vidraças de onde leio os metafísicos, meu bem.</p>
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<li>Conheça as etapas do recurso seletivo</li>
<li>Mão dupla*</li>
<li>EDINGER, Edward F. Ego e Arquétipo, SP, Cultrix, 1989</li>
<li>11- Ensine seus filhos como serem ricos</li>
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<p>Não precise nada que perturbe esse lago nesta hora, bem. Não pega mais o meu corpo humano; não pega mais o seu corpo. Não escrevo mais. Estou desenhando em uma vila que não me pertence. Não penso pela partida. Meus garranchos são hoje e se acabaram. Explico mais ainda: discutir não me tira da pauta; vou ir a desenhar; pra sair da pauta. 100 Dúvidas E Respostas Sobre o Enem 2018 - Quota 1: O Check-up reconhece Freitas Filho, em A teus pés (1982) Ana Cristina Cesar voltaria assumida à tua assinatura oficial, eliminaria a abreviatura, tiraria a máscara dos óculos escuros e recuperaria a tua identidade como poeta sem disfarces.</p>
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<h2>Diálogo de surdos, não: amistoso no frio.</h2>
<p>Aparecem especialmente textos ultrassintéticos, entretanto desdobráveis em diversas leituras. “Ana C. concede ao leitor”, escreveu o comparsa Caio Fernando Abreu, “aquele saboroso prazer meio proibido de espiar a intimidade alheia pelo buraco da fechadura”. Diálogo de surdos, não: amistoso no frio. As mulheres e as criancinhas são as primeiras que desistem de afundar navios. Preciso regressar e espiar aqueles 2 quartos vazios.</p>
<p>Do espelho em frente. Como se vê, Ana Cristina Cesar toca muito as mulheres. Moderna e liberta, fala abertamente de teu organismo e de sua sexualidade, ao mesmo tempo derramando-se numa delicadeza que, à primeira visibilidade, poderia conflitar com o feminismo vigente pela época. Embates de um feminino agoniado, como define o poeta e professor Italo Moriconi, ao mostrar Poética.</p>
<p>No episódio de inéditos, “Visita à oficina”, há um equipamento mais curto e certamente de pequeno importância do que os de imediato publicados. São também poemas inacabados, um deles escrito ainda na adolescência, aos 16 anos. Por ele ganhou nota 10 da professora e o elogio: “Lindo! Em outro exibe uma maturidade incomum para a idade: “Estar em fraude - não consigo mesmo, não consigo mesmo.</p>